segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

COSTA TIC TAC

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Uma criança deita fora o brinquedo preferido, fica perplexa com a sua ausência, vai buscá-lo novamente e a cena repete-se muitas vezes. Freud, que assiste ao episódio, explica que é um exemplo de compulsão repetitiva — as pessoas criam hábitos de recriar acontecimentos traumáticos, na tentativa de os resolver com mais satisfação na próxima vez.
Isto é contado pela jornalista Clare Foges e, ao contrário de outras "conversas" de Freud que me deixam de pé atrás — com o devido respeito —, esta está bem achada.


Vem a matéria a propósito, no texto de Clare Forges, do comportamento dos tories nas negociações do Brexit. Os conservadores ingleses prometeram o Brexit e conseguiram convencer os eleitores a votar favoravelmente num referendo, com conversa tosca, apelando a patriotismo fora de moda, do tempo da Rainha Vitória. Mas agora querem ficar na UE com um estatuto semelhante e outro nome, para saírem mais tarde  "com mais satisfação". E, depois?Depois, vira o disco e toca o mesmo. A compulsão repetitiva, como o nome diz, é como o pêndulo do grandfather clock — vai e vem, sem parar.
António Costa é outro exemplo de compulsão repetitiva — perdeu as eleições e fez uma aliança contra naturam à esquerda, numa iniciativa que envergonha os socialistas. Costa sabe que fez uma borrada e só se limpa — se isso alguma vez acontecer — quando a geringonça se desconjuntar. Mas tal só acontecerá por iniciativa dele e nunca dos seus compagnons de route. A "sobrevivência" da geringonça é a compulsão repetitiva de Costa, o brinquedo que a criança deita fora e vai depois buscar, a repetição diária de um acontecimento traumático na tentativa de o resolver de forma satisfatória um dia, talvez ganhando eleições com maioria e despachando Jerónimos e Catarinas para o raio que os parta. Até lá, gramamos o "Costa Clock" e a geringonça, está bom de ver.
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