quarta-feira, 24 de maio de 2017

"TAROT" — A BANHA DA COBRA NA TV

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Esta manhã, enquanto fazia uns  quilómetros (poucos!) na passadeira do ginásio, tive na minha frente um monitor de televisão onde uma madame "deitava" as cartas de Tarot, falava, falava, falava e, felizmente, eu não ouvia nada.
Ligo o computador à tarde e "tropeço" num ensaio de James McConnachie, jornalista britânico, sobre o Tarot. Fiquei sem saber se era sorte ou azar; mesmo assim, li. É uma peça de mais de 4.000 palavras, mas a maioria é "palha". E o que diz? Conta muita história e fala da credibilidade da coisa, o mais importante.
Em matéria de história chega dizer que as cartas de Tarot terão surgido no antigo Egipto — na boa tradição ocultista, ainda hoje viva nas ciganas que lêem a sina e são originárias de lá — caíram depois praticamente em desuso e só "rejuvenesceram" na Paris de 1781, com a França repleta de sociedades secretas e clubes privados de reputação duvidosa.
O uso das cartas para prever o futuro integra uma prática obscurantista em que se incluíam outras modalidades, nomeadamente a bibliomância, costume que consistia em abrir a Bíblia de forma aleatória e interpretar, na perspectiva do futuro — não sei se próximo ou longínquo — o primeiro trecho que caía sob o olhar. Uma pantominice!
Em resumo, ler as cartas de Tarot é recitar um discurso feito que não aquece nem arrefece, adaptável — a posteriori — a todas as circunstâncias. E funciona como forma de psicoterapia porque nunca é claramente pessimista, ficando-se por advertências profilácticas para situações adversas, cuja não observância correcta justificará os fracassos dalguma previsão. Sobretudo, o que faz falta é animar a malta, ou "inocular" na "vítima" dose estupidamente cavalar de esperança, o que não é difícil, dado o estado psicológico de uma alma que recorre às leituras do Tarot, capaz de acreditar até em promessas de Bruno de Carvalho!
E, mostra a experiência, as antevisões falhadas são rapidamente esquecidas e toleradas, enquanto as acertadas são hipervalorizadas — um negócio seguro.
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