quarta-feira, 31 de maio de 2017

QUANTO TEMPO O TEMPO TEM

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Ó tempo volta para trás, dá-me tudo que eu perdi; tem pena e dá-me a vida, a vida que eu já vivi; cantava António Mourão e cantava bem. Mas havia um problema no pedido de Mourão: é que ninguém sabe exactamente o que é isso a que chamamos tempo e ele queria ver a andar para trás. 
Santo Agostinho tinha chegado a uma conclusão sobre a matéria, estava tranquilo e explicava porquê: se ninguém me pergunta, sei o que é o tempo; mas se perguntam, não sei.
As mais inspiradas cabeças da Humanidade passaram por dificuldade semelhante à de Agostinho. Einstein, por exemplo, gostava pouco que lhe falassem nisso; mas se alguém o "apertava", respondia que tempo é aquilo que medimos com os relógios e ponto final. No entanto, Einstein sabia — melhor que ninguém — que um relógio em movimento parece andar mais devagar que outro estacionário, mas não se descosia.
Felizmente, a medição do tempo foi sempre muito tosca e continua a ser um bocado. Bons tempos houve em que havia a hora de início do dia e a hora de fim do dia e eram assim felizes os nossos avós. Depois começou a haver essa coisa das fases da Lua e, em vez de se contar apenas horas, começou-se a contar dias, o que já foi mau. A seguir chegou-se à conclusão que havia estações e vieram os anos. Daí para a frente, foi um horror que culminou nessa geringonça dos relógios atómicos para que não há a mínima pachorra. Vejam lá que já andaram dois tontos a dar voltas ao mundo de avião, com 4 relógios atómicos ao lado, umas vezes de Leste para Oeste e outras de Oeste para Leste, para comparar as horas, minutos, segundos e cagagésimos de segundo desses relógios com o relógio do U.S. Naval Observatory! Parece que há diferenças, dizem eles!
Há pachorra? Definitivamente, não há. Em sinal de protesto, a partir de amanhã vou orientar-me exclusivamente por um relógio da areia, apenas e só, quando joga o Benfica.

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