sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A LÁSTIMA QUE É EL SALVADOR

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Quase 30% da superfície da Terra emergiu do fundo dos oceanos e nela habitam milhões de milhões de criaturas vivas, entre elas o auto-denominado Homo sapiens, com mais de 7 mil milhões de especímenes. Oriundo de África, o homem colonizou a maior parte emersa do planeta, formou tribos e outras formas de vida colectiva e, por necessidade de sobrevivência, organizou-se em nações e estados. Segundo a ONU, existem 193 países, se excluirmos casos com perfil mal  definido ou controverso, como Taiwan, o Vaticano ou a Palestina. Naturalmente, há diferenças substanciais entre eles em número significativo de aspectos, sejam demográficos, culturais, económicos, sociais e por aí fora.
Lembrei-me disto quando li, numa notícia do "The Guardian", que Howard Cotto, comissário da polícia civil de El salvador, anunciou ao mundo, na passada quinta-feira, que no dia anterior, 11 de Janeiro de 2017, ninguém havia sido abatido a tiro no País. O espanto é que desde 22 de Janeiro de 2015, há praticamente dois  anos, não tinha passado um dia sem que alguém não tivesse tido morte violenta em El Salvador. E que, anteriormente, nos últimos anos, só em 2013 se registou um dia em que essa desgraça não aconteceu.
Dir-me-ão  que haverá países onde o cenário será o mesmo—até pior—o que é verdade; mas são países com muito maior dimensão e situações de guerra declarada. El Salvador é uma pequena nação com pouco mais de 20 mil km2 (Portugal tem 92 mil), habitado apenas por 6 milhões de almas que não se encontram declaradamente em guerra com ninguém. Em 2015, os crimes de homicídio ocorreram à taxa de 104 por 100.000 habitantes, a maior do mundo. Para ter ideia do que isto significa, recordarei que em 2013 aquela taxa foi de 0,69/100.000 em Espanha, 0,44/100.000 na Áustria e 0,50/100.000 na Suíça. Naturalmente, as guerras entre carteis da droga desempenham papel primordial no fenómeno, mas não só. Na realidade, todos os povos são iguais, é verdade; mas as circunstâncias sociais promovem comportamentos diferentes. Comportamento deplorável no caso desta pequena república da América Central. 
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