segunda-feira, 20 de abril de 2015

MEDITAÇÃO BABÉLICA

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Em 1922, o filósofo Ludwig Wittgenstein escreveu no Tractatus Logico-Philosophicus: "Os limites da minha linguagem marcam os limites do meu mundo". É hoje consensual que as palavras ao nosso dispor influenciam o que vemos—quantas mais palavras conhecemos, melhor é a nossa percepção. Quando aprendemos outra língua, aprendemos a ver um mundo maior; isto é, o bilinguismo—ou o multilinguismo—além de melhorar a capacidade de comunicação, ajuda a desenvolver a função cerebral.  
As crianças que aprendem duas línguas saltam de uma para outra facilmente, desenvolvendo o que se chama controlo executivo, sistema que mantém o cérebro alternadamente focado no que é relevante, ignorando o acessório ou vice-versa. É uma função indispensável à correcta e destra actividade psíquica. Um estudo em número significativo de crianças mostrou que quando se lhes pede para comentar uma afirmação como "As maçãs crescem no nariz", a monolingues respondem maioritariamente que a frase é tola e as bilingues, usando formas de expressão de acordo com o seu desenvolvimento, que a frase está correcta (gramaticalmente) mas é tola; isto é, são capazes de se focar no essencial e dar menos atenção ao pouco relevante.
Mas há uma coisa importante: para desfrutar da vantagem do bilinguismo, ou do multilinguismo, é necessário manter regularmente o uso das duasou maislínguas. Portanto, se as suas crianças falam mais que uma língua, é obrigatório mantê-las em contacto frequente com pessoas que usam essas línguas; de preferência falantes em que a segunda língua dos seus filhos seja a língua materna dessa gente.
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