quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O ASNO DE BURIDAN

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Jean Buridan, filósofo e padre católico francês, viveu nos Séculos XIII e XIV e um dia escreveu que o livre arbítrio pode levar à inacção—incapacidade de escolher devido ao excesso de incerteza e, potencialmente, excesso de escolha.
Embora o padre nunca tenha falado em burros, o ícone da teoria é o chamado "asno de Buridan" que, entre dois fardos de palha, não consegue escolher o melhor e acaba por morrer de fome.
No mudo moderno desenvolvido, o que mais há são asnos de Buridan. Não morremos de fome, mas padecemos de ansiedade, às vezes também fatal. A abundância da oferta de possibilidades  sedutoras cria conflitos psíquicos antes, durante e depois de decidir ou optar. E, frequentemente, a ansiedade é maior depois de escolher e decorre da dúvida sobre se o outro fardo de palha não seria melhor. Curiosamente e muitas vezes, nem sequer precisamos daquilo que escolhemos ou da alternativa que não escolhemos, ou seja não precisamos da palha porque nem temos fome naquela altura—burriiiceeee...! Temos consciência disso, mas ninguém escapa, tal como não escapa ao truque do preço de €4,99, ou €99,9.
A dimensão do problema depende da importância do que está em causa. Se for uma gravata ou uma mala, é uma coisa; se for um emprego ou uma casa, é mais complicado; e, se for um curso, ou um casamento, é pau, é pedra, é um resto de toco, é o fim do caminho.
Buridan, lá onde está, deve encher-se de rir. Olhando para o mundo, oito séculos depois, ainda vê alguns que já hesitavam entre dois fardos de palha quando ele filosofava.
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