terça-feira, 20 de maio de 2014

IGNOMÍNIAS

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(Cenas filmadas em Viena—exactamente essa: a capital da Áustria!)
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Na antiguidade, pensava-se de forma animista, ou seja, o mundo tinha um propósito, ou vários propósitos, fossem os ventos, os mares, o Sol, as estrelas e por aí adiante. Havia mais deuses que personagens nas novelas brasileiras, primeiro muito gerais, como a Terra, o céu, o amor, o mundo oculto, rebabá. Estes reproduziram-se de várias maneiras, sob formas progressivamente mais humanas, como Zeus e Venus, e depois numa série de personagens que desaguaram no homem propriamente dito, mortal de sua natureza.
O propósito dos mitos e religiões, em boa verdade, não era explicar o mundo, embora reclamassem tal capacidade, mas antes controlar a cultura das comunidades, sendo a avaliação do seu sucesso feita através disso. Deus, ou os deuses, davam a autoridade, os guias religiosos prometiam a recompensa aos que acatassem a mensagem.
Falo nisto porque li hoje um texto excelente—da autoria de John McCrone—onde se lê o que resumo em cima e me deixou  impressionado com a actualidade da análise. Vivemos num mundo onde se professam ene religiões e poucas—se alguma—escapam ao que McCrone diz. Assiste-se, no Século XXI, à manipulação das almas de forma impúdica e chocante, mantendo-se o espírito que inspirou as cruzadas cristãs e a Inquisição de outros tempos, os atentados suicidas como os das Torres Gêmeas, o sequestro de jovens na Nigéria e um nunca acabar de ignomínias intoleráveis. Aquilo de que McCrone fala não são coisas de outros tempos, infelizmente. E, parafraseando, quem não colabora nisso que atire a primeira pedra. Que os líderes religiosos comecem a tratar do problema é o mínimo que se espera.
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