domingo, 26 de janeiro de 2014

A ENERGIA NOSSA DE CADA DIA

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A vida e o seu destino dependeram sempre da capacidade de captar e utilizar a energia solar. Uma espécie bem sucedida é eficaz na conversão rápida dessa energia em crias. As plantas e animais hoje dominantes canalizam mais energia para os seus corpos que os antepassados extintos. Do mesmo modo, a história humana é a história da descoberta de fontes de energia para sustentar a espécie.
Com a domesticação das plantas, o homem seleccionou os vegetais que mais energia lhe davam. Os animais de tiro escolhidos foram os que melhor utilizavam a energia das plantas para o seu serviço. As azenhas, ao aproveitar o ciclo da água promovido pelo Sol, enriqueceram-no. O mesmo para os moinhos de vento, para a máquina a vapor movida pelo carvão, para o motor de combustão interna alimentado por hidrocarbonetos petrolíferos, para a energia hidroeléctrica e por aí fora.
O motor a vapor de Newcomen tinha apenas 1% de eficiência, ou seja, aproveitava 1% do calor libertado pela combustão do carvão; o de Watt tinha 10%; o motor de combustão interna de Otto 20%; e uma moderna turbina tem 60%.
Tal não se traduz na diminuição da necessidade de fontes de energia no mundo. O aumento do número dos que acorrem à utilização dessa energia para assegurar a conservação da espécie é permanente, criando grande pressão na produção. Só a melhor eficácia na utilização permite conter o crescimento progressivo da produção. Os Estados Unidos gastam hoje metade da energia por unidade do PIB que em 1950; e o mundo em geral usa menos 1,6% de energia por dólar de crescimento do PIB em cada ano. Mas a batalha não é fácil porque o uso económico da energia não é sinónimo de menos consumo—é o paradoxo de Jevons: o uso económico de combustível não se traduz directamente em menor consumo; pelo contrário, novas formas de economia acompanham-se de aumento.
A energia domina o mundo. No estado actual, este depende totalmente dela. Em boa verdade, admira até que não haja mais conflitos com o Homo sapiens por sua causa. Há muitos, dirão. Se pensarmos na importância biológica, económica e sociológica que tem, é caso para dizer: antes assim que pior.
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