terça-feira, 18 de junho de 2013

'TIME IS MONEY'

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Chega-se atrasado uma hora a um encontro no Brasil e ninguém pestaneja. Chega-se dez minutos atrasado na Suíça e é preciso arranjar uma boa e convincente explicação para o facto. O tempo é um dado social importante, com valor muito diferente nas várias culturas. Na Ilha de Trinidade há o tempo oficial, marcado pelos relógios, e o "tempo Trinidade", conceito social muito diferente, sem aparelho de medida capaz de o registar.
Praticamente, todos os países têm calendários e relógios sintonizados com o resto do mundo, mas isso não significa que o ritmo de actividade seja o mesmo. Há culturas em que o tempo é uma flecha a voar no sentido do futuro, e culturas em que é uma roda, com o passado, o presente e o futuro a girar, alternando-se permanentemente à volta do cidadão.
A noção da importância do tempo na sociedade é mensurável. Por exemplo, avaliando a velocidade média de deslocação das pessoas nos passeios das cidades, medindo o tempo médio que leva um empregado dos correios a vender um selo, e calculando o desvio, em relação à hora certa, dos relógios colocados em lugares públicos. Há diferenças notáveis de país para país, com a Suíça, a Irlanda e a Alemanha à frente, e El Salvador, Brasil, Indonésia e México na cauda.
Mas curiosamente, há aspectos sociais do tempo que são universais. A ideia de que a pessoa com status social superior pode fazer esperar a de menor status, sendo o inverso impensável, corre todo o planeta, desde os aborígenes da Austrália, até ao Home Office de Londres.
A noção de que tempo é dinheiro atormenta os nativos dos países industrializados. Em muitos outros, mesmo gente com acesso à TV por satélite, à Internet e aos jornais não sabe o que significa tal expressão. É a anedota do americano que ensinava o índio a fazer uma canoa num dia, em vez de gastar uma semana, findo o que o índio lhe perguntou o que faria no resto dos dias.
Não há nada mais relativo que o tempo, seja do ponto de vista físico, filosófico, psicológico ou social. O melhor é não lhe dar a importância que conquistou, ou nós lhe emprestámos. Na realidade, até nem sabemos se existe. E, se existe, não devia existir.
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