sábado, 23 de fevereiro de 2013

A 'LINEA GOTICA'

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Subitamente, mais de 30 anos depois dos acontecimentos, salta para a ribalta a informação de que um bispo católico português é homossexual e terá tido comportamentos de assédio sexual com outros membros do clero. A Conferência Episcopal Portuguesa não diz sim nem não e oferece as suas orações solidárias com o bispo; um padre mais ou menos mediático admite publicamente que o bispo é homossexual, com um beijo de morte ao informar que ser homossexual não é pecado; e um par, também bispo, incontinente verbal, afirma que a coisa era conhecida na Igreja.
O bispo acossado, agora ao serviço da Cúria Romana, defende-se e "levanta dúvidas quanto ao facto destas acusações de assédio se terem tornado públicas numa altura em que se escolhe o futuro Papa e se procura um sucessor de D. José Policarpo", para citar ipsis verbis a notícia.
Tudo uma lástima para quem é crente! Tudo! Incluindo o referido no primeiro e no segundo parágrafo desta prosa feita à pressa; um vídeo com uma jornalista em Roma a falar de Maçonaria Católica (sic) versus Opus Dei, e de guerras intestinas e rascas  entre cardeais notórios; e um artigo no jornal "La Repubblica" a contar a existência dum lobby gay no Vaticano e a prática de pedofilia organizada na Cidade Santa.
Alegadamente, o novo Papa será eleito por um Colégio de cardeais que era suposto estarem a orar e a reflectir, aguardando a inspiração e iluminação do Espírito Santo; mas, dado o que vemos, não terão muito tempo para ouvir a mensagem divina, ocupados que estão com intrigalhadas sacanas, rasteiras e ordinárias.  
Num artigo ontem publicado na revista "The New Yorker", a jornalista Jane Kramer refere a metáfora usada por João XXIII, a respeito do Concílio Vaticano II, de "abrir as janelas da Igreja de Roma para deixar entrar ar fresco". Mas não entrou ar fresco nenhum—o ar que ali se respira continua cheio de miasmas, como se vê. E não há muita esperança que mude.  A idade média dos cardeais do Colégio Eleitoral é de 72 anos e a maioria foi escolhida por Bento XVI e João Paulo II. Por isso, segundo Kramer, pode considerar-se que o Colégio agrupou os cardeais necessários para que tudo fique na mesma—para manter a linea gotica, como ela diz. Uma lástima para os católicos.
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