quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CONVERSA DE ELEVADOR

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"Mãos frias, coração quente" é um provérbio, dizem. Provérbio, segundo o dicionário, é uma máxima expressa em poucas palavras e tornada vulgar. Ainda de acordo com o mesmo, máxima é um preceito importante para servir de norma de vida.
Assim, o referido dito, embora tornado vulgar, não é preceito importante, nem serve de norma de vida; logo não é provérbio. Que é, então? Provavelmente, uma burrice. Pitigrilli, o humorista italiano, dizia que era comum a muitos países e mostra que a imbecilidade é universal. Universal talvez não, mas com grande prevalência talvez, digo eu. O que tem a ver a temperatura das mãos com a do coração, neste caso figura de sentimento? Nada.
A matéria dos provérbios é complicada. Na realidade, há habitualmente dois provérbios opostos para a mesma situação, o que permite usar sempre um com acerto. Quem não arrisca não petisca e mais vale um pássaro na mão que dois a voar é um exemplo—um aconselha a correr riscos, o outro desaconselha. Alguns andam por aí, eventualmente mal traduzidos do latim, como o de que a excepção confirma a regra, coisa incompreensível—talvez a excepção confirme que há uma regra, na melhor das hipóteses, como já aqui referi.
Digamos que provérbio é frase feita para "conversa de encher chouriços", também esta expressão sem nexo. Bengalas coloquiais a que ninguém escapa, muito úteis em conversa de elevador. Só isso.
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