segunda-feira, 30 de abril de 2012

EINSTEIN E A LISTA TELEFÓNICA

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Muitos de nós, mais velhos, não conseguimos ler o correio e ouvir música ao mesmo tempo – pelo menos algum tipo de música. Mas os jovens conseguem fazer o trabalho de casa a ouvir o iTunes a reproduzir música inenarrável e a fazer cinco tarefas diferentes online – alguns não estarão muito concentrados, mas outros estão. São jovens, é verdade, mas têm uma memória de trabalho capaz de tratar com perfeição quatro ou cinco blocos de informação diferentes, fruto do treino. O cérebro e a mente, tal como o resto do corpo, podem ser submetidos a exercícios de fitness com proveito.
Um estudo realizado com os taxistas de Londres mostrou que têm a região do cérebro ligada à memória de longo prazo fisicamente maior que os condutores de autocarro. O exercício permanente de reter nomes de ruas e sua localização funciona no cérebro e na mente como os exercícios de alteres nos músculos esqueléticos.
A estes fenómenos costuma chamar-se neuroplasticidade, que pode ser desenvolvida com técnica apropriada. Quando um dia Einstein foi surpreendido a procurar o número do seu próprio telefone na lista, respondeu que só decorava o que não podia guardar de outra maneira. Provavelmente tinha razão porque nesta técnica de fitness mental há coisas complicadas e a experiência de Einstein deve ser respeitada. Num estudo em que uns tantos indivíduos eram treinados a fazer no piano um exercício com os cinco dedos da mão, as alterações morfo-funcionais registadas no cérebro eram sobreponíveis às observadas noutro grupo equivalente em que o exercício não era realizado fisicamente, mas apenas mentalmente. A simples concentração nos movimentos necessários ao exercício era suficiente.
O treino da memória de trabalho, aquela que usamos temporariamente para efectuar tarefas no momento, a que não se esquece do que íamos fazer à cozinha quando lá chegamos, é fundamental. E, nesse aspecto, a juventude trata melhor disso que nós, ao fazer várias coisas ao mesmo tempo. É provavelmente a primeira vez na história que as crianças têm muito para ensinar aos adultos.
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