sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

ALECRIM E MANJERONA

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- Major, segundo os serviços de informação, eles vão tentar infiltrar-se esta noite no nosso flanco Sul. Vamos deslocar para lá mais uma companhia do seu batalhão e pôr a unidade mais próxima de prevenção.
- Sim, meu coronel. Mas para que horas está prevista a ofensiva deles?
- Não sei, major. Provavelmente será depois de anoitecer.
- Meu coronel, isso é complicado porque nessa altura já é tempo de horas extraordinárias e os meus homens estão com dois meses em atraso. Não vai ser fácil deslocá-los para operações à noite.
- Major, temos que reforçar o flanco Sul, custe o que custar. Desenrasque-se.
- O meu coronel sabe que na 2ª companhia está o Vitorino, Presidente da Associação de Sargentos. O gajo tem o pessoal na mão e vai fazer com que eles se recusem a partir, por causa dessa chatice dos pagamentos em atraso.

Sempre que ouço os dirigentes das associações e sindicatos das forças armadas e da polícia, ocorrem-me cenas do tipo desta, que inventei agora mesmo. Chegamos a uma situação de opereta, digna
duma rábula do Solnado. O bem falante que preside à associação nacional de sargentos, e o inefável presidente da associação dos oficiais das forças armadas valem quanto pesam. Personagens de histórias aos quadradinhos de ficção, onde também entra Otelo e Vasco Lourenço.
Perguntar-se-á para que servem as associações. Em boa verdade, tal como existem, servem de forma de infiltração dos partidos de esquerda nas forças armadas e na polícia. O papel de instituições de apoio social aos militares e polícias, de formação cultural e profissional, de promoção de actividades lúdicas e recreativas e coisas do género, que deviam ser a sua vocação, nunca existiu ou, se existiu, ardeu, foi pelo cano, esfumou-se.
Hoje as associações estão concentradas em discussões de matérias técnicas que dizem respeito às chefias, em reivindicações sindicais que não fazem parte do seu pelouro, e em actividade política que não devia ser permitida, antes sancionada.
Não estou certo do que vou dizer, mas suspeito que as associações militares e policiais foram uma criação dos socialistas, na tentativa de controlar as forças armadas. Todo aquele pessoal cheira a esturro socialista: muita verborreia e acção zero. O presidente dos sargentos tem mesmo carinha de quem nunca deu um tiro.
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