domingo, 17 de julho de 2011

ENTRE DESVIOS E BURACOS

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Ao princípio, era o desvio colossal. Depois, foi colossal a indignação do PS. Para evitar atritos, transformou-se em colossal, não o desvio, mas o trabalho para o corrigir. Agora o desvio tomou a forma de dois mil milhões de euros sem adjectivos. Chegados aqui, convém esmiuçar a matéria.
Desvio é mudança de direcção, mas também sumiço. Colossal é o que tem dimensões de colosso. Não parece que no governo do Zézito tenha havido mudanças de direcção porque o caminho foi sempre dirigido ao abismo, em rigorosa, permanente e científica linha recta. Logo, aplica-se a acepção de sumiço. E aqui começa a desenhar-se a razão da discordância do PS. Como tem dimensão de colosso aquilo que se sumiu? Sumiu, desapareceu, evaporou, fundiu, volatilizou, logo não pode ser medido. O que tem dimensão é o espaço vazio que deixou! Isso sim!
Passos Coelho tem de cuidar mais a linguagem. Não pode chegar a uma tribuna e dizer que o desvio das contas é colossal. Não pode! Se quer falar dessas minudências, Coelho tem de dizer que o buraco nas contas é colossal. Sim, porque do que ele está a falar é do espaço vazio onde antes estava o dinheiro dos contribuintes, mais os setenta mil milhões que o Zézito pedinchou ao estrangeiro, e desapareceram sob forma ainda não identificada.
Passos Coelho, que lê diariamente este blog, a partir de hoje vai ter mais cuidado com a língua portuguesa – muito traiçoeira tal língua!
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