domingo, 17 de julho de 2011

CANTINHO DO SARCASMO

Desenganem-se os que viam em Fernando Nobre e Manuel Alegre os expoentes máximos e definitivos da retórica oca: António José Seguro, que devido à cronologia partiu atrás, já pulveriza recordes.
Quando o dr. Seguro, candidato favorito à liderança do PS, diz  "é preciso derrubar muros e criar espaços de confiança e de convergência", percebemos que o homem é mais do que uma mera esperança. Quando o dr. Seguro diz acreditar que "a política não se faz apenas com racionalidade, mas também com os afectos", percebemos que o homem é um concorrente fortíssimo. Quando o dr. Seguro diz desejar "introduzir esses afectos com os militantes socialistas e com os portugueses", percebemos que, além de bastante imaginativo no uso do português, o homem é praticamente imbatível.
Mas a invencibilidade do dr. Seguro ficou garantida com o seguinte desabafo: "Este movimento não é o projecto do António, este é um movimento também de um sonho, que vai um bocadinho a cada um e a cada uma de vós, porque cada um que sonha é apenas um sonho, mas quando pomos os sonhos em comum isso é um projecto e uma ambição para Portugal".
A afirmação é desprovida de nexo? A afirmação é involuntariamente cómica? A afirmação traduz o nevoeiro que vai na cabeça de quem finge engendrar uma ideia sem dispor de matéria-prima? Claro que sim, sim e sim. Aliás, estes são justamente os critérios que consagram a absoluta vacuidade de um discurso, talento ao alcance de raros predestinados. Quem diz que o eng.  Sócrates "esvaziou" o PS não imagina o quanto.
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Alberto Gonçalves in "Diário de Notícias"
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