segunda-feira, 26 de julho de 2010

CAPA DO DIA

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A concretização do projecto do Freeport de Alcochete não necessitava de subornos para autorizações e planeamento, mas os partidos políticos poderiam "colocar dificuldades artificiais no caminho". Esta opinião foi transmitida a um escritório de advogados inglês, a Decherts, por um advogado português, José Pedro Ferreirinha, que integra um dos maiores escritórios, a Vieira de Almeida. Chamado à investigação para concretizar, o advogado invocou o sigilo profissional para não o fazer.
O processo judicial do Freeport - cujo segredo de justiça termina amanhã com a decisão do Ministério Público sobre se o processo segue para julgamento com acusação ou se será arquivado - está cheio de referências indirectas a eventuais actos de corrupção que possam ter existido durante a sua aprovação. O relatório final da Judiciária à investigação, que o DN tem vindo a revelar, dá conta dessas alusões, mas não retira qualquer conclusão sólida, até porque os testemunhos não apontaram para nenhum caminho.
Por exemplo, um ex-gestor da Freeport, Jonathan Rawnsley, foi confrontado com uma anotação que fez em papel timbrado da empresa de arquitectos Capinha Lopes ( os responsáveis pelo projecto): "O sucesso está mais dependente de quanto pagarmos ao partido." O ex-gestor, ouvido pela polícia inglesa, admitiu a autoria, dizendo que terá sido feita durante uma reunião com Capinha Lopes, mas não soube explicar concretamente porque a fez.
Outro cidadão inglês ouvido na investigação foi Nicholas Lamb, arquitecto que participou na elaboração do projecto. Garantindo não ter tido um "conhecimento" de que tenham sido feitos "pagamentos específicos" à margem da lei, declarou à polícia inglesa que "havia sempre conversas de taxas para lóbis e acerca de envelopes castanhos e coisas assim". [...]
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In Diário de Notícias
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