sexta-feira, 12 de março de 2010

O HOMEM E A EVOLUÇÃO NATURAL


O homem sempre alimentou enorme curiosidade sobre a origem do universo e, sobretudo, sobre a sua própria origem. Este último aspecto começou a ser desvendado com a identificação de achados que se verificou serem fósseis dos seus remotos antepassados. A interpretação e compeensão dos fósseis só foi possível depois de Charles Darwin avançar a hipótese da evolução natural biológica. Começava assim uma nova era no conhecimento do homem sobre si próprio. Havia vestígios de seres muito antigos, compreendia-se que podiam corresponder a formas prévias da humanidade, e percebia-se em linhas gerais porque haviam mudado.
Com modernas técnicas de paleontologia, foi possível datar com bastante precisão os achados, estudar do ponto de vista geológico o local onde foram encontrados, o que informa sobre o habitat físico desses seres, e alargar o estudo aos outros fósseis animais e vegetais encontrados no mesmo local para compreender como eram as condições biológicas que rodeavam os nossos antepassados e daí deduzir informação sobre as suas competências físicas, psiquicas e socias; e, ao mesmo tempo perceber quais os factores que determinaram a evolução de uns, a estagnação de outros e a simples extinção de muitos.
Assim se foi fazendo a história da evolução humana, incluindo a emergência do bipedalismo, o aumento do volume cerebral, o aparecimento do género Homo, o primeiro uso de instrumentos de pedra, o desenvolvimento de ferramentas mais sofisticadas, a passagem do estado de caçador-recolector a agricultor com capacidade de domesticar animais, o domínio do fogo, o desenvolvimento da comunicação simbólica que viria a ser a linguagem, e por aí fora até ao Homo sapiens actual que não passa sem o frigorífico, o automóvel e a televisão.
Muitos destes eventos remotos coincidiram com grandes alterações climáticas em África, criando a ideia de que passos fundamentais na evolução humana podem ter sido condicionados pelo clima. Observações relativamente recentes, em termos da idade do universo e mesmo da vida, mostram que assim pode ter acontecido. A queda da civilização Maia é um exemplo. Habitando no Sul do México e América Central, os Maias sofreram alterações sociais profundas e o colapso de 70% da população entre 1150 e 750 AC. As causas desses fenómenos nunca foram cabalmente explicadas mas, nos últimos 15 anos, a determinação das características do solo e sub-solo da região permite perceber que a época foi de secas sucessivas e gravíssimas. Se ainda no tempo dos Maias o clima podia conduzir ao colapso de uma civilização como a deles, imagina-se de que modo as formas incipientes da humanidade eram vulneráveis ao clima.
Todos os seres vivos interagem com a Terra, constituída por terra, oceanos e atmosfera. Sofrem os embates desses elementos, mas também contribuem para os mudar. Ao nível global, por exemplo, a evolução de organismos produtores de oxigénio permitiu o desenvolvimento de seres multicelulares. E, ao nível local, animais de grande porte, como os elefantes em África, alteram as características da vegetação, afectando o resto da comunidade ecológica.
O homem envenena rios, polui os oceanos com metais pesados e toda a espécie de porcaria, cria zonas fantasma para a eternidade, que são os locais onde estão instaladas as centrais nucleares, e, diz-se agora, altera o clima, aquecendo o planeta. Esperemos que, com tanto conhecimento da história da Terra e seu habitat, não esteja conscientemente a contribuir para a sua extinção. Se está, quando for extinto, tem aquilo que merece.

Nota - A primeira figura da esquerda corresponde ao chimpanzé Bonobo, do outro ramo da família humana, mas com a mesma origem (ver a figura da direita, clicando nela). É o animal mais próximo do homem, com um genoma muito parecido ao nosso.

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